Eric J. Hobsbawm, conhecido como um dos mais respeitados historiadores contemporâneos, nasceu em 1917 em Alexandria, no Egito. Viena e Berlim são os cenários de seus primeiros anos de vida, época em que a Áustria e a Alemanha, devido à Primeira Guerra Mundial, padeciam com a alarmante crise econômica que se instaurara e a conseqüente agitação social que esta provocou. Em 1933, época em que Adolf Hitler ascendeu ao poder, Hobsbawm mudou-se para Londres, fugindo da perseguição nazista, mas principalmente por ter conseguido uma Bolsa de estudos na Universidade de Cambridge, onde forma-se em História.
Por causa de sua ideologia tornou-se um militante político de esquerda, filiando-se ao Partido Comunista da Grã-Bretanha, que neste momento apoiava o regime Stalinista – o mesmo que alguns anos atrás expatriara a ala esquerda do PC soviético, que contava com a participação de Leon Trótski, o criador da Quarta Internacional.
Atuou em diversas universidades da Europa e da América, como Professor visitante e lecionou até aposentar-se no Birkbeck College, da Universidade de Londres. Escreveu vários livros, dentre eles: A Era das Revoluções, A Era do Capital, A Era dos Impérios, Rebeldes Primitivos, Os Trabalhadores e os mundos do trabalho, Da Revolução Inglesa ao Imperialismo, Os Bandidos, Os Ecos de Marselha, Sobre História, todos eles publicados no Brasil.
A convite da Folha de São Paulo, Companhia das Letras e Diners Club, o historiador visitou o Brasil, quando ficou alguns dias na cidade de Paraty, no Rio de Janeiro e ministrou uma palestra no Masp em São Paulo.
Analisar a contribuição de Hobsbawm para a Historiografia não é tarefa tão simples como parece, pra quem está ingressando agora no amplo e abrangente universo da História, sobretudo pela extensa lista de Obras por ele escritas; isso talvez exija um maior contato com as mesmas, pra que se analise detidamente o seu valor; mas, a grosso modo, exatamente por isso, pode-se deduzir o quanto tem sido valiosa a sua participação na elucidação de fatos históricos e tentativa de clarificar o movimento que existe no pensar e escrever sobre os processos históricos.
Segundo ele próprio expressa no prefácio do seu livro: Sobre História, a sua abordagem histórica é Marxista, e para ele, sem Marx não teria desenvolvido nenhum interesse especial pela história; foram Marx e os campos de atividade dos jovens radicais marxistas que forneceram seus temas de pesquisa e influenciaram o modo como escreveu sobre eles. Em artigo publicado pela Fundação Lauro Campos, em 21 de outubro de 2008, da autoria de Marcelo Musto, que discorre sobre a Crise do Capitalismo e a atualidade de Marx, o professor Hobsbawm afirma que Marx é, e continuará sendo uma das grandes mentes filosóficas, um dos grandes analistas econômicos do século XIX, e em sua máxima expressão, um mestre de uma prosa apaixonada.
Para Hobsbawm, a História não é uma simples descrição de fatos ocorridos ocasionalmente na experiência humana, mas a possibilidade de compreender os problemas que a caracterizam e quais devem ser as condições para sua solução. É fazer uma reflexão positiva dos fatos nos quais estamos inseridos, "por mais insignificantes que sejam os nossos papéis – como observadores de nossa época..." para ele, o ofício dos historiadores é lembrar o que os outros esquecem, o que consequentemente os torna de fundamental importância na construção da experiência humana.
Segundo ele mesmo assevera no prefácio do livro "Era dos Extremos", a principal tarefa do historiador não é julgar, mas compreender, mesmo o que temos mais dificuldade para compreender.
Em entrevista concedida à Folha de São Paulo, em 30 de setembro de 2007, quando questionado sobre a afirmação que fez em prefácio do seu livro: "Globalisation, Democracy and Terrorism", de que suas convicções políticas são indestrutíveis, Hobsbawm confirma que de fato sua convicção de ser de esquerda continua, mas algumas de suas convicções mudaram; que não acredita mais que o comunismo como foi aplicado poderia ainda dar certo; não se considera mais um revolucionário, muito embora não ache que tenha sido mau para ele e para a sua geração terem sido revolucionários.
Historiador consagrado como um dos observadores privilegiados do mundo moderno, Hobsbawm destaca-se pela sua valiosa contribuição à História, deixando atrás de si um legado de inestimável valor. Analisar a sua vida e a sua obra é símbolo de aprofundamento e investigação na elucidação de acontecimentos que construíram a história da humanidade. Sua incansável e contínua análise da história de diversas nações tem sido de extrema utilidade na compreensão das mesmas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
01.HOBSBAWN, Eric. A Era dos extremos. O breve século XX – 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
02.HOBSBAWN, Eric. Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
03.SITE INFOESCOLA – Navegando e aprendendo (www.infoescola.com)
04.SITE DA FUNDAÇÃO LAURO CAMPOS – Socialismo e Liberdade. A crise do Capitalismo e a atualidade de Marx. (www.socialismo.org.br)
05.SITE HISTORIA NET – A nossa História (www.historianet.com.br)
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