sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O historiador e o texto como documento histórico

Algumas questões acerca das fontes utilizadas pela História Tradicional e pela Nova História.

Sabemos que o papel dos historiadores é a busca constante de fontes que poderão ser analisadas para uma reflexão mais profunda, através dos argumentos utilizados pelos mesmos.
Já que a maioria das pesquisas realizadas pelos historiadores se transforma em texto, é preciso analisar com muita sabedoria e coerência as fontes utilizadas.Enquanto os historiadores tradicionais se utilizam principalmente dos documentos oficiais para suas pesquisas, a Nova História amplia essas fontes, se baseando não só nos documentos oficiais, mas também em outras fontes.

As fontes oficiais utilizadas como principal fonte histórica pelos historiadores tradicionais ou positivistas são leis, artigos, portarias, código civil, feitos pelo Estado, Igreja, militares, ou seja, pela elite (reis, imperadores, generais, autoclero, banqueiros, industriais), por serem considerados verdadeiros, não sofrendo análise, questionamentos, interpretação.
É uma história vista de cima e nunca das pessoas “comuns”, mas mesmo assim tiveram uma importância fundamental. É apenas uma descrição ou narrativa dos acontecimentos, tal como eles aconteceram.

Em contrapartida, a Nova História ampliou as fontes de pesquisa, utilizando livros, literatura, jornais, artes, pinturas, história oral, entre outras, não descartando os documentos oficiais.
Tem a preocupação de analisar, questionar e interpretar não só a história dos vencedores, mas também dos “vencidos”, das “minorias”, tais como negros, índios, mulheres, crianças, operários(as), prostitutas, pobres, oprimidos, levando em consideração que toda atividade humana pode e deve ser pesquisada: tudo e todos(as) têm uma história.

É uma História vista de “baixo para cima”, das consideradas pessoas “comuns”; é uma análise dos fatos, das estruturas.
Como diria Marx: “Os filósofos até então tentaram interpretar o mundo, precisamos agora transformá-lo”. Para a Nova História, nossa posição não pode ser neutra, ela tem que ter um compromisso social com as múltiplas vozes do passado, dos “vencidos”, para que a história destas pessoas possa ser contada e analisada, para que possamos participar da transformação desta sociedade e utilizando-se desse estudo possamos sonhar com uma sociedade mais justa e solidária, onde todos e todas têm vez e voz, enfim, uma sociedade sem tantas diferenças entre os grupos e classes sociais.

Um comentário:

Adinalzir disse...

Caro Luis Reginaldo Silva

Parabéns pelo texto muito preciso e esclarecedor!

E já que somos professores de História blogueiros. E que expressamos as nossas idéias em textos. Podemos nos considerar "Os mais avançados historiadores dessa Nova História".

Já me tornei um fiel seguidor do seu blog. É só verificar.

Abraços, :-)