Uma das pinturas mais conhecidas da arte brasileira, presença cativa nos livros escolares, é o Independência ou Morte, do pintor paraibano romântico Pedro Américo de Figueiredo e Melo (1843-1905). O óleo sobre tela de 4,15 x 7,60 metros, pintado pelo antigo aluno da Escola de Belas-Artes de Paris, em 1888, em Florença, na Itália, pertence ao acervo do Museu da Cidade de São Paulo. Lá está como obra número um, espécie de Mona Lisa se considerado seu poder de atrair visitantes para o mesmo espaço.
No entanto, poucos sabem que paira sobre o Independência, conhecido também por O Grito do Ipiranga, a dúvida do plágio. Ou se preferem, a eventual inspiração em uma aquarela feita treze anos antes. Trata-se do 1807, Friedland, de Jean-Louis Ernest Meissonier (1815-1891). A cena do pintor autodidata francês mostra Napoleão Bonaparte e seu estado-maior saudando o regimento dos curaceiros antes de encetarem ataque durante a Batalha de Friedland.
Os soldados de cavalaria equipados com armadura foram peça capital nas vitórias do imperador de origem corsa rumo ao domínio do Velho Continente. Vale lembrar, derrotado no fim da carreira, Bonaparte deixou a França menor do que a encontrou, embora o grandeur não se meça em palmos de terra
Acho que o pintor não foi uma testemunha ocular do fato e sua obra apresenta uma série de divergências com a versão dos historiadores sobre o episódio. Como, por exemplo, o fato de Dom Pedro I e toda sua comitiva estarem montados em belos cavalos - isso seria muito difícil, uma vez que todos estavam vindo de Santos, e, para chegar até São Paulo, tinham que atravessar a Serra do Mar. Como tal subida era muito difícil, em geral, utilizavam-se das mulas e dos burros, animais mais fortes e resistentes a esse tipo de atividade que os cavalos; por isso, é mais provável que Dom Pedro I estivesse montado em uma mula muito menos vistosa e imponente que o cavalo marrom do quadro de Pedro Américo.
ResponderExcluirAlém disso, a travessia da Serra do Mar era algo muito penoso, e é difícil que tanto o Imperador quanto os seus soldados estivessem usando roupas de gala, como as retratadas pelo nosso pintor. Muito provavelmente, todos estavam usando trajes simples, sujos e surrados pela longa jornada. Uma cena um tanto mais deprimente e menos inspiradora que a que Pedro Américo retratou. Além disso, conta-se que nosso Imperador estava com uma forte diarreia nesse dia, e, por isso, é provável que ele não estivesse tão disposto como no retrato.
Sobre a questão do plágio, nunca saberemos se Pedro Américo realmente se inspirou na pintura de Meissounier, ou se foi uma coincidência. Mas, os dois quadros estão aí - é para nós mesmos tirarmos as nossas conclusões.
Um grande abraço! :-)
Luiz,
ResponderExcluirConhecia o que seu amigo Adinalzir comentou, mas desconhecia a suspeita de plágio de Pedro Américo. É claro que as figuras teriam que ser retratadas de forma pomposa pela significância histórica e o pintor deveria cumprir a regra. Há sempre semelhanças e inspirações para os artistas...
Carinhoso beijo e excelente fim de semana.
Muito bem colocado sua posição em ambas as relações prof. Adinalzir. No entanto como voce mesmo diz nunca saberemos ao certo se houve coincidencia ou algo parecido na pintura do pintor brasileiro. Mais uma vez o nosso muito obrigado por estar sempre passando por aqui deixando seus comentários.
ResponderExcluirUma boa semana.
L U I Z
Obrigado pelos comentários amiga Sam e seja muito bem vinda por estas bandas. O que o prof. coloca é de fundamental importância pra nosso conhecimento de determinados fatos da História do Brasil e esta duvida ainda vai dá o que discutir.
ResponderExcluirUm abração do seu tamanho e uma boa semana.
L U I Z
É evidente que o quadro do famoso pntor e hoje no museu da Usp é um gigantesco plágio.
ResponderExcluirNosso pintor copiou e ainda tentou transmitir um caráter popular ao evento. Para isto pintou um casabre e um trabalhador, que assim como hoje em dia fica `margem dos grandes acontecimentos do Brasil.
Para somar a estas informações, eu ainda deixo a lembrança que a nosa Independência foi diferente de todas as outras nações da América com o Imperador sentado no mesmo trono e a liberdade do Brasil comprada com nosso ouro e feita pelos ricos para continuar ganhado muito dinheiro, pois agora poderiam negociar com todas as nações e não somente com Portugal e Inglaterra.